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José Silva16/07/2025 11:19
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Técnicas de Criação de Casos de Teste: Como Garantir Qualidade de Forma Estratégica

    A criação eficaz de casos de teste é uma das etapas mais importantes no processo de garantia de qualidade de software. Para evitar testes aleatórios ou redundantes, profissionais de QA usam técnicas estruturadas que aumentam a cobertura, reduzem o esforço e ajudam a identificar falhas com mais precisão.

    Neste artigo, vamos explorar as principais técnicas de criação de casos de teste, quando utilizá-las e exemplos práticos para cada uma.

    🧩 1. Partição de Equivalência (Equivalence Partitioning)

    💡 O que é:

    Divide os dados de entrada em grupos (partições) onde os valores são considerados equivalentes — ou seja, espera-se o mesmo comportamento do sistema para qualquer valor daquele grupo.

    🎯 Objetivo:

    Reduzir o número de testes cobrindo todas as categorias possíveis com um valor representativo por partição.

    ✅ Exemplo:

    Um campo que aceita idades de 18 a 60 anos.

    Partições:

    • Válida: 18 a 60 → Testar com 30
    • Inválida: <18 → Testar com 15
    • Inválida: >60 → Testar com 70

    🔍 2. Análise de Valor Limite (Boundary Value Analysis)

    💡 O que é:

    Testa os valores nos limites (bordas) das partições, onde normalmente ocorrem falhas.

    🎯 Objetivo:

    Detectar erros em condições extremas, como “um a menos” ou “um a mais” que o valor permitido.

    ✅ Exemplo:

    Para a faixa 18–60:

    Valores de teste:

    • 17 (abaixo do mínimo)
    • 18 (limite mínimo)
    • 60 (limite máximo)
    • 61 (acima do máximo)

    🔁 3. Tabela de Decisão

    💡 O que é:

    Cria uma tabela com condições e ações esperadas, útil para sistemas com regras complexas ou múltiplas combinações de entradas.

    🎯 Objetivo:

    Organizar logicamente os cenários possíveis e garantir cobertura total das regras.

    ✅ Exemplo:

    Autorização de cartão de crédito:

    • Se usuário está ativo e limite disponível → Aprovar
    • Se usuário inativo → Negar
    • Se sem limite → Negar

    🧪 4. Teste Baseado em Estado (State Transition Testing)

    💡 O que é:

    Modela o sistema como uma máquina de estados, com eventos que causam transições de um estado para outro.

    🎯 Objetivo:

    Garantir que todas as transições possíveis (válidas ou inválidas) são testadas.

    ✅ Exemplo:

    Um caixa eletrônico pode estar nos estados:

    • Inativo → Autenticado → Em Operação → Finalizado

    Testa as transições entre esses estados, inclusive tentativas inválidas (como sacar sem autenticar).

    🎲 5. Teste Baseado em Casos de Uso

    💡 O que é:

    Cria casos de teste com base nos fluxos funcionais descritos nos casos de uso (requisitos).

    🎯 Objetivo:

    Validar se o sistema atende ao comportamento esperado do ponto de vista do usuário.

    ✅ Exemplo:

    Caso de uso: "Usuário faz login"

    • Fluxo principal: entra login e senha corretos
    • Fluxo alternativo: esqueceu a senha
    • Fluxo de exceção: senha inválida

    🧮 6. Técnica de Classe de Equivalência Combinada com Valor Limite

    É comum combinar partição de equivalência com valor limite para fortalecer os testes, escolhendo valores nos extremos de cada partição.

    🔧 Outras Técnicas Importantes

    • Exploratórios: sem roteiro fixo, baseados na experiência do testador.
    • Teste de fluxo de dados: foca no ciclo de vida das variáveis no código.
    • Testes de decisão/condição: para lógica booleana e estruturas de controle.

    📌 Conclusão

    A criação de casos de teste vai muito além de simplesmente "testar funcionalidades". Técnicas bem aplicadas ajudam a encontrar defeitos ocultos, aumentam a confiança na qualidade do sistema e otimizam o tempo e os recursos do time de QA.

    Utilizar as técnicas corretas para o contexto certo é o que diferencia um testador reativo de um QA estratégico e proativo.
    
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    Comentários (1)
    DIO Community
    DIO Community - 16/07/2025 13:46

    José, você trouxe uma excelente explicação sobre as técnicas de criação de casos de teste! Essas metodologias, como Partição de Equivalência e Análise de Valor Limite, são essenciais para garantir que os testes sejam eficientes, cobrindo a maior parte dos cenários possíveis sem a necessidade de testá-los todos manualmente.

    O exemplo de Tabela de Decisão que você apresentou é muito interessante, especialmente para sistemas com regras complexas, como o de autorização de cartão de crédito. A organização das condições e ações de forma lógica facilita a cobertura total dos testes e a análise de diferentes combinações de entradas.

    Com relação à Técnica de Classe de Equivalência Combinada com Valor Limite, você mencionou algo muito importante: combinar técnicas para fortalecer os testes e garantir que todas as bordas e intervalos sejam testados.

    Como profissional de QA, você já teve algum desafio específico onde essas técnicas ajudaram a resolver um problema crítico no desenvolvimento ou otimizaram o tempo de testes?