Técnicas de Criação de Casos de Teste: Como Garantir Qualidade de Forma Estratégica
A criação eficaz de casos de teste é uma das etapas mais importantes no processo de garantia de qualidade de software. Para evitar testes aleatórios ou redundantes, profissionais de QA usam técnicas estruturadas que aumentam a cobertura, reduzem o esforço e ajudam a identificar falhas com mais precisão.
Neste artigo, vamos explorar as principais técnicas de criação de casos de teste, quando utilizá-las e exemplos práticos para cada uma.
🧩 1. Partição de Equivalência (Equivalence Partitioning)
💡 O que é:
Divide os dados de entrada em grupos (partições) onde os valores são considerados equivalentes — ou seja, espera-se o mesmo comportamento do sistema para qualquer valor daquele grupo.
🎯 Objetivo:
Reduzir o número de testes cobrindo todas as categorias possíveis com um valor representativo por partição.
✅ Exemplo:
Um campo que aceita idades de 18 a 60 anos.
Partições:
- Válida: 18 a 60 → Testar com 30
- Inválida: <18 → Testar com 15
- Inválida: >60 → Testar com 70
🔍 2. Análise de Valor Limite (Boundary Value Analysis)
💡 O que é:
Testa os valores nos limites (bordas) das partições, onde normalmente ocorrem falhas.
🎯 Objetivo:
Detectar erros em condições extremas, como “um a menos” ou “um a mais” que o valor permitido.
✅ Exemplo:
Para a faixa 18–60:
Valores de teste:
- 17 (abaixo do mínimo)
- 18 (limite mínimo)
- 60 (limite máximo)
- 61 (acima do máximo)
🔁 3. Tabela de Decisão
💡 O que é:
Cria uma tabela com condições e ações esperadas, útil para sistemas com regras complexas ou múltiplas combinações de entradas.
🎯 Objetivo:
Organizar logicamente os cenários possíveis e garantir cobertura total das regras.
✅ Exemplo:
Autorização de cartão de crédito:
- Se usuário está ativo e limite disponível → Aprovar
- Se usuário inativo → Negar
- Se sem limite → Negar
🧪 4. Teste Baseado em Estado (State Transition Testing)
💡 O que é:
Modela o sistema como uma máquina de estados, com eventos que causam transições de um estado para outro.
🎯 Objetivo:
Garantir que todas as transições possíveis (válidas ou inválidas) são testadas.
✅ Exemplo:
Um caixa eletrônico pode estar nos estados:
- Inativo → Autenticado → Em Operação → Finalizado
Testa as transições entre esses estados, inclusive tentativas inválidas (como sacar sem autenticar).
🎲 5. Teste Baseado em Casos de Uso
💡 O que é:
Cria casos de teste com base nos fluxos funcionais descritos nos casos de uso (requisitos).
🎯 Objetivo:
Validar se o sistema atende ao comportamento esperado do ponto de vista do usuário.
✅ Exemplo:
Caso de uso: "Usuário faz login"
- Fluxo principal: entra login e senha corretos
- Fluxo alternativo: esqueceu a senha
- Fluxo de exceção: senha inválida
🧮 6. Técnica de Classe de Equivalência Combinada com Valor Limite
É comum combinar partição de equivalência com valor limite para fortalecer os testes, escolhendo valores nos extremos de cada partição.
🔧 Outras Técnicas Importantes
- Exploratórios: sem roteiro fixo, baseados na experiência do testador.
- Teste de fluxo de dados: foca no ciclo de vida das variáveis no código.
- Testes de decisão/condição: para lógica booleana e estruturas de controle.
📌 Conclusão
A criação de casos de teste vai muito além de simplesmente "testar funcionalidades". Técnicas bem aplicadas ajudam a encontrar defeitos ocultos, aumentam a confiança na qualidade do sistema e otimizam o tempo e os recursos do time de QA.
Utilizar as técnicas corretas para o contexto certo é o que diferencia um testador reativo de um QA estratégico e proativo.