Resenha crítica sobre o caso de sucesso com uso do Scrum pela Intel
Desafio de projeto apresentado ao Curso de Formação SCRUM MASTER CERTIFICATION da DIO.
RESENHA CRÍTICA “Agile Project Development at Intel: A Scrum Odyssey”
1 INTRODUÇÃO
No case “Agile Project Development at Intel: A Scrum Odyssey”, Pat Elwer e colaboradores descrevem a adoção do framework Scrum na divisão de Product Development Engineering (PDE) da Intel, com o objetivo de superar a cultura rígida de trabalho em cascata, silos funcionais e variabilidade dos requisitos. Esta resenha crítica analisa os motivos da opção pela abordagem ágil em detrimento do modelo tradicional, a escolha específica pelo Scrum, os resultados alcançados, o caráter inovador do processo e possíveis melhorias para futuras implementações.
2 JUSTIFICATIVA DA ABORDAGEM ÁGIL
2.1 Complexidade e imprevisibilidade
A PDE da Intel operava entre design e manufatura, sob forte pressão de cronogramas e mudanças técnicas imprevisíveis, sobretudo durante a chegada do primeiro silício. O modelo tradicional (waterfall) demonstrou-se rígido, com entregas em grandes lotes e falta de flexibilidade para reagir a novos dados de teste.
2.2 Necessidade de entregas incrementais
A abordagem ágil — por meio de iterações curtas e incrementais — possibilitou visibilidade contínua, feedback rápido e replanejamento frequente, minimizando riscos e evitand o “thrash” de requisitos já identificado em projetos anteriores.
3 POR QUE O SCRUM?
3.1 Estrutura clara e papéis definidos
Scrum oferece papéis (ScrumMaster, Product Owner e Time) e cerimônias prédefinidas (Sprint Planning, Daily Scrum, Sprint Review e Retrospective), o que facilitou a governança e fomentou o senso de responsabilidade compartilhada.
3.2 Auto-organização e motivação
Ao valorizar o time auto organizado, o framework desafiou a tradicional hierarquia de silos, melhorando a moral e a colaboração. A criação de papéis (Conduits, Story Owners, Transients) foi uma adaptação inteligente às demandas técnicas da PDE.
3.3 Priorização baseada em valor
Mesmo com dificuldade inicial de quantificar “valor de negócio” em infraestrutura de teste, o Scrum orientou a priorização de histórias conforme impacto e dependências, trazendo disciplina à gestão de backlog.
4 RESULTADOS E INOVAÇÃO
4.1 Redução de ciclo e confiabilidade
– Diminuição de 66 % no ciclo de desenvolvimento,
– Eliminação quase total de atrasos e manutenção de ritmo sustentável via sprints de nove dias.
4.2 Melhora da moral e engajamento
A visibilidade diária (burndown chart) e as provas de progresso a cada duas semanas elevaram o orgulho do time e reduziram turnover.
4.3 Transformação cultural
A transição de um modelo “comando-e-controle” para um de “inspeção e adaptação” foi o maior legado: silos deram lugar a equipes multifuncionais (Feature Scrums), alinhadas ao conceito de “task force” sem crise.
5 O QUE FARIA DIFERENTE?
5.1 Envolvimento pleno da liderança
Garantir a participação de todos os gestores seniores desde o primeiro treinamento, para reforçar a adesão do executivo.
5.2 Adoção precoce de times multifuncionais
Analisar e identificar a estrutura de gestão ideal, desde o início. E implementar o modelo de cross-functional Scrums, reduzindo handoffs logo na fase pré-silício.
5.3 Limitar a presença de POs dentro dos times
Manter POs focados em priorização e negociação, evitando microgestão e promovendo a autonomia do time.
5.4 Explorar métricas qualitativas Incluir pesquisa de satisfação dos stakeholders e, quando possível, indicadores de qualidade de código ou performance em campo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da Intel evidencia que a agilidade vai além de processos: é uma jornada cultural. O sucesso do Scrum no PDE da Intel derivou do compromisso em inspecionar e adaptar continuamente, de patrocínio executivo e de coaching externo. Organizações que atuam em cenários de alta complexidade podem se inspirar neste case, pois agilidade se constrói na prática, não basta declará-la.
REFERÊNCIAS
ELWER, P.; GALLAGHER, T.; PLAYFAIR, K.; RAWSTHORNE, D.; JAMES, M. Agile Project Development at Intel: A Scrum Odyssey. Danube Technologies, 2008.
POPPENDIECK, M.; POPPENDIECK, T. Implementing Lean Software Development. Addison-Wesley, 2006.
SCHWABER, K.; SUTHERLAND, J. The Scrum Guide. 2020.
WARD, A. Lean Product and Process Development. 2007.