Pensamento Computacional: muito além do código
- #Aprendizagem Contínua
- #Pensamento Crítico
Quando o assunto é "pensamento computacional" a imagem que se tem na cabeça é sempre a mesma: um gênio da matemática apertando os dedos freneticamente num teclado de uma tela com letras verdes em um fundo negro no estilo Matrix. Mas a verdade é muito menos cinematográfica e muito mais útil para o cotidiano. No fundo, pensamento computacional não é transformar pessoas em máquinas. Antes fosse isso; o conceito é ensinar a gente a pensar com clareza suficiente para resolver problemas, usando e não usando computadores. Uma ordem no meio da desordem. A ideia, que foi popularizada pela pesquisadora Jeanette Wing, é que todos nós já usamos essa lógica sem nos darmos conta. Se você já fez um planejamento de férias ou tentou organizar a rotina da casa, você fez pensamento computacional. O truque é treinar isso de propósito, dominando quatro passos simples.
Gostaria de ver isso na prática? Separe um instante para pensar no trabalho de preparar um jantar para dez pessoas. Ao invés de entrar em pânico com tanta coisa pra fazer, veja como a sua cabeça toma conta da situação:
Dividir o problema (Decomposição)
Ninguém ‘‘faz um jantar’’, de uma só vez. É uma tarefa grande demais. O que fazemos é dividi-la em pedaços menores. Primeiro você define o cardápio. Depois, você faz uma lista de compras. Após, você faz a faxina, só depois você começa a cozinhar.
Na computação esse é o processo de Decomposição. Dividir um problema grande em problemas pequenos, para ele não ser mais amedrontador e sim uma lista de tarefas.
Aprendendo com o passado (Reconhecimento de Padrões)
Com as tarefas quebradas, sua cabeça começa a procurar pistas. Você se recorda de que, na última reunião, a lasanha levou horas para assar e, se deste jeito, você precisa começar antes desta vez. Você também se lembra que um de seus amigos vegetarianos, outro padrão do grupo.
Esse é o Reconhecimento de Padrões. Ele é usar a experiência passada para ganhar tempo e evitar erros futuros.
Focando na essência (Abstração)
Você vai ao mercado, ou busca a receita. Esta pode ter uma foto bonita, a história da avó do cozinheiro, e dicas de como decorar o prato. Porém, na hora H, você desconsidera tudo e foca só na temperatura do forno e na quantidade de farinha.
Isto é Abstração. É a capacidade de ignorar o produto e focar apenas na informação que resolve seu problema agora. O resto nós ignoramos.
O passo a passo (Algoritmos)
Por fim, você segue a receita. Corte a cebola, refogue 5 minutos, asse a 180 graus. Se você fizer nesta sequência, terá o jantar.
Muita gente tem pavor da palavra Algoritmo, mas, ela não é mais que isto: uma receita. Um passo a passo que leva ao resultado, caso seja seguido.
E por que isto importa agora?
Vivemos ouvindo que os robôs e a inteligência artificial vão roubar nossos empregos. E, de fato, para fazer coisas repetitivas são melhores do que nós. Mas máquinas não sabem formular a pergunta certa. Não sabem estruturar o problema do zero.
Por isso mesmo, essa competência é tão assim relevante. O profissional do futuro médico, advogado ou designer não tem que dominar a programação em Python ou Java, mas ele precisa saber olhar para um problema complexo e descobrir padrões e desenhar a solução. O domínio do pensamento computacional é, ao final, aprender a pensar melhor. É parar de ser apenas um consumidor de tecnologia e passar a ser uma pessoa que entende como funciona o mundo e utiliza isso a seu favor.




