O que realmente torna alguém um bom desenvolvedor?
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Ser um bom desenvolvedor não é só saber C#, usar .Where()
ou conhecer o último recurso do .NET. O que realmente diferencia bons profissionais é como eles pensam, como estruturam seus projetos e como conseguem escrever código que continua funcionando e sendo entendido meses ou anos depois.
Todo sistema começa simples… até que não é mais. E é nesse momento que se revela quem escreveu pensando no futuro e quem apenas quis "fazer funcionar".
1. Organização: pensar na arquitetura antes do código
Um bom desenvolvedor sabe que cada linha escrita hoje é dívida técnica em potencial amanhã, e que todo código só se justifica se for fácil de manter, testar e adaptar.
Mesmo em tarefas simples, bons profissionais se perguntam:
- Onde essa lógica realmente deveria estar?
- Essa classe tem mais de uma responsabilidade?
- Meu código está acoplado a detalhes técnicos (como banco de dados, e-mail, API externa)?
Essa preocupação leva à prática da separação de responsabilidades e à organização em camadas lógicas como domínio, aplicação e infraestrutura mesmo sem usar um framework pesado.
Isso não é sobre usar “Clean Architecture” porque está na moda. É sobre entender os limites do seu sistema e tornar seu crescimento saudável.
2. Testabilidade: projetar código previsível, mesmo sem testes automatizados
Testes são importantes. Mas antes de falar em testar, precisamos falar em escrever código que permite ser testado.
Isso significa:
- Reduzir dependências diretas
- Tornar comportamentos previsíveis
- Evitar efeitos colaterais ocultos
Mesmo sem frameworks de teste, um código testável é mais claro, mais coeso e menos frágil. Essa clareza se reflete em manutenção mais simples e menos bugs em produção.
Código testável é, essencialmente, código bem pensado.
3. Decisão técnica consciente: usar o recurso certo na hora certa
Conhecer os recursos modernos do C# como record
, pattern matching
, Span<T>
, async streams
é ótimo.
Mas um bom desenvolvedor usa esses recursos com propósito, não para “mostrar que sabe”.
Saber escolher entre:
- um ORM ou SQL manual
- uma classe nova ou reutilização
- um padrão sofisticado ou uma solução direta
…é mais valioso do que decorar a linguagem.
A maturidade está menos em "saber tudo" e mais em escolher bem, com base no contexto do projeto.
4. Clareza: escrever para humanos, não para o compilador
Todo bom desenvolvedor entende que escrever código é uma forma de comunicação com outras pessoas.
Mesmo quando se trabalha sozinho, é o “você do futuro” que terá que ler, entender e dar manutenção naquele código.
Por isso, é essencial:
- Escolher nomes descritivos
- Dividir métodos em pequenas unidades de responsabilidade
- Evitar "gambiarras inteligentes" que só o autor entende
- Comentar quando for realmente necessário, mas preferir código autoexplicativo
- Clareza é uma forma de respeito com o time, com a empresa e com o próprio trabalho.
5. Manutenção acima da entrega rápida
A maior parte do tempo de vida de um software não está no seu desenvolvimento inicial, mas na manutenção.
Muitos desenvolvedores focam demais na entrega e esquecem que:
- código entregue às pressas vira retrabalho
- atalhos hoje geram problemas amanhã
- uma estrutura bem feita hoje permite que o sistema cresça sem colapsar
É claro que prazos existem. Mas o bom profissional concilia entregas com organização, mesmo sob pressão. Isso exige priorização, diálogo com o time e visão sistêmica.
No fim de tudo o que torna alguém um bom desenvolvedor não é a fluência em C# ou domínio do último recurso do .NET, ou mesmo qualquer outra linguagem de programação, no fim importa mais a mentalidade com que se escreve e mantém o código.
Essa mentalidade inclui:
- Pensar arquitetonicamente, mesmo em projetos pequenos
- Escrever código testável e claro, mesmo sem testes formalizados
- Tomar decisões técnicas com equilíbrio e intenção
- Manter foco na comunicação e manutenção do código
- Usar a linguagem como uma ferramenta de clareza, não como vitrine de conhecimento
Essas são atitudes que se aplicam a qualquer linguagem, time ou cenário e que definem a diferença entre apenas programar e realmente desenvolver software.