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Uilian Carvalho
Uilian Carvalho06/06/2025 20:00
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Ingressar na Faculdade Depois dos 30: Uma Jornada de Superação e Oportunidades

    Na adolescência, concluir o ensino médio e ingressar no ensino superior era um sonho distante. Aos 17 ou 18 anos, eu ansiava por dar continuidade aos meus estudos, mas as barreiras financeiras e estruturais tornavam essa meta quase inalcançável. Na época, as faculdades presenciais tinham custos proibitivos, e a modalidade EAD — ainda em expansão — era pouco acessível. Em 2007, por exemplo, apenas 7% das matrículas no ensino superior eram a distância, totalizando cerca de 469 mil alunos (INEP, 2007). Além disso, a infraestrutura de internet era precária: na minha região, no Rio Grande do Sul, o acesso à banda larga era limitado a conexões via rádio, com velocidades de apenas 1 Mbps — um luxo para quem ganhava um salário-mínimo regional de R$ 440,17.

     

    O Adiamento do Sonho e a Vida Profissional

    Diante das circunstâncias, precisei adiar meu projeto acadêmico e mergulhar no mercado de trabalho. Atuei por anos na área comercial, desempenhando funções como repositor, auxiliar de vendas e promotor. Embora fosse um trabalho exaustivo e braçal, dediquei-me com empenho, o que me garantiu oportunidades estáveis. No entanto, a vontade de retomar os estudos nunca desapareceu.

     

    O Retorno aos Estudos: Faculdade EAD e Novos Desafios

    Anos depois, em uma situação financeira mais estável, o sonho da faculdade ressurgiu. Desta vez, as condições eram favoráveis: o EAD havia se popularizado, com plataformas mais robustas e acesso à internet de qualidade. Em conversa com minha esposa — que também compartilhava o desejo de se formar —, decidimos nos matricular no curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas na modalidade a distância.

     

    Logo no início, percebemos que o inglês seria essencial para avançar na área de tecnologia. Assim, incorporamos um curso online de idiomas à nossa rotina. Retomar os estudos após anos de pausa foi desafiador, mas também transformador. Cada nova descoberta — desde a primeira linha de código até a compreensão de um texto em inglês sem tradução — reforçou nossa confiança e sede de conhecimento.

     

    Nunca É Tarde para Começar

    Hoje, ainda no início dessa jornada, já colho os frutos da decisão de investir em minha formação. O aprendizado contínuo mostrou-se libertador, provando que o conhecimento não tem prazo de validade. Para quem hesita em voltar à faculdade após os 30, meu conselho é simples: comece. Os obstáculos iniciais são compensados pela satisfação de evoluir e pelas portas que se abrem no caminho. Afinal, como diz o poeta Mario Quintana, "O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você".

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    Comentários (3)

    CS

    Cláudio Silva - 07/06/2025 10:45

    Eu tinha apenas a oitava série, mas tinha vergonha disso, e colocava em meu currículo que tinha o segundo grau completo, e deu certo, pois nunca descobriram. Um dia, em janeiro de 2021, aos 42 anos resolvi sair do ramo que eu atuava e resolvi estudar. Entrei no supletivo, fiz a oitava série e o primeiro colegial, fiz a prova do encceja, passei, imediatamente me matriculei na faculdade de gestão de tecnologia, e agora o próximo semestre será meu último semestre.

    Está difícil arrumar estágio, está difícil entrar no ramo, mas não vou desistir. Estou consultando qual será minha próxima faculdade de tecnologia no próximo ano.

    Recomendo a todos que sempre estude dando certo ou não, porque ter conhecimento é muito melhor do que ter que mentir ou ficar por baixo

    Eudival Filho
    Eudival Filho - 06/06/2025 22:29

    Esse seu artigo me fez pensar que no meu caso chegar aos 40 tem sido uma experiência cheia de perguntas — algumas novas, outras que ficaram guardadas por anos. Tenho explorado a área de tecnologia, me matriculado em cursos online, assistido a palestras, lido conteúdos variados. Tudo isso em busca de algo que realmente faça sentido para essa nova etapa da vida.

    Não encaro isso como um retrocesso. Pelo contrário: parar para avaliar, considerar possibilidades e respeitar meus limites é um sinal de maturidade. Tenho aprendido que encontrar um propósito não é uma corrida — é um processo. E tudo bem não ter todas as respostas agora.

    Enquanto isso, sigo aprendendo. Às vezes por curiosidade, outras vezes por tentativa. O importante é não estagnar. Porque aos 40, ainda há muito para construir, aprender e descobrir — inclusive sobre mim mesmo.

    KP

    Karina Potenza - 06/06/2025 20:18

    Bem reflexivo. Tenho feito muitos cursos para ver se me encontro depois de "velha" rsrs. Quase me matriculei em engenharia de software mas, como nunca entendi a bendita matemática muito bem, estou em dúvida! Enquanto isso vou pesquisando e fazendo minhas considerações.