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Rafael Maia
Rafael Maia21/05/2025 11:40
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First Commit #06 - Tutoriais não são vilões. Mas cuidado com essa armadilha…

    Se você está começando a programar, já deve ter percebido que os tutoriais estão em todo lugar: YouTube, blogs, cursos gratuitos, bootcamps e até em posts do Instagram. Eles são acessíveis, convidativos e dão aquela sensação de “agora vai”. Mas existe um ponto importante que precisa ser falado: quando mal utilizados, tutoriais podem te manter preso em um ciclo que te impede de evoluir com autonomia.

    Nesta edição, vamos entender:

    • Por que os tutoriais são bons e como usá-los a seu favor
    • O que é o "tutorial hell" e como evitar cair nele
    • Como aplicar o que aprendeu sem depender de passo a passo
    • Um plano prático para usar tutoriais com inteligência

    ✅ 1. O lado bom dos tutoriais

    Tutoriais são, sim, uma excelente ferramenta para aprender. Eles oferecem estrutura, clareza e um caminho guiado para quem está dando os primeiros passos. Para quem está aprendendo uma linguagem nova, uma tecnologia específica ou quer ver como um projeto se conecta, os tutoriais são uma porta de entrada eficiente.

    Eles funcionam porque:

    • Eliminam a dúvida do “por onde começo?”
    • Apresentam boas práticas quando bem produzidos
    • Ajudam a criar familiaridade com termos e ferramentas

    Como tirar o máximo proveito de um tutorial?

    O ideal é começar com um foco específico. Por exemplo:

    Objetivo: aprender a consumir APIs públicas com JavaScript. Tutorial escolhido: “Criando um app de clima com OpenWeather API”.

    Durante o tutorial:

    • Tome notas dos conceitos principais (fetch, async/await, tratamento de erros)
    • Marque as partes que não entendeu (esse ponto é muito importante, pois, normalmente pulamos algo que não entendemos e quando tentamos fazer o projeto/app travamos porque pulamos algo que não entendemos e não buscamos informações para compreender o que não conseguimos entender).
    • Pause após blocos de código e escreva por conta própria (essas pausas são importantes para fixar o conteúdo, quando focamos apenas na teoria e deixamos de lado a prática, pulamos a etapa essencial do aprendizado: testar o que aprendemos)

    O que fazer depois?

    Depois de seguir o tutorial, você pode aplicar o conteúdo em outro mini projeto. Exemplo:

    Mini projeto de prática: Criar um app de CEP que consome a API do ViaCEP e exibe os dados de endereço conforme o usuário digita. O funcionamento é semelhante ao app de clima, mas muda o tema e a estrutura.

    O ideal é que esse novo projeto:

    • Não seja um clone exato do tutorial
    • Seja criativo, crie um layout personalizado (campos diferentes, mensagens de erro, etc)
    • Faça sem ver o vídeo

    Esse processo de adaptação solidifica o aprendizado e começa a treinar seu raciocínio como dev.

    ⚠️ 2. A armadilha do tutorial hell

    O "tutorial hell" acontece quando você se acostuma a só seguir tutoriais e nunca constrói nada por conta própria. Você começa um, termina, vai para outro. E outro. E mais um. Quando percebe, você já passou por 8 projetos, mas não consegue criar uma tela de login simples sem o vídeo do lado.

    Como saber se você está preso nisso?

    • Nunca começa projetos do zero
    • Fica inseguro para iniciar algo sem ajuda externa
    • Tem dificuldade para lembrar o que aprendeu
    • Não sente confiança em resolver erros sozinhos

    O problema não é ver muitos tutoriais. É não colocar em prática de forma independente.

    Como sair do tutorial hell?

    O primeiro passo é interromper o ciclo. Depois de terminar um tutorial, pare e proponha um desafio a si mesmo. Por exemplo:

    Tutorial assistido: CRUD de tarefas com HTML, CSS e JavaScript Desafio: Criar um CRUD de hábitos diários. Mesmo conceito, outro tema.

    Esse novo projeto precisa ser:

    • Com interface diferente (cores, fontes, layout)
    • Com pelo menos uma funcionalidade a mais (ex: marcar como “urgente”)
    • Feito sem consultar o tutorial original (usar apenas como referência se necessário)

    Se ficar difícil, ótimo. É sinal de que agora você está realmente aprendendo — e não só reproduzindo.

    Dica extra:

    Evite maratonar tutoriais como séries. Escolha um, pratique, adapte e só depois vá para outro. O tempo gasto em prática vale mais do que a quantidade de vídeos assistidos.

    🧪 3. Prática intencional: como realmente aprender

    Aprender programação exige mais do que assistir. Exige ação. E mais do que isso: exige ação com intenção. Prática intencional significa estudar com um objetivo definido e colocar em prática com propósito, identificando onde você erra, o que não entendeu e o que precisa revisar.

    1 - O ciclo da prática intencional

    Assista ou leia com objetivo específico Exemplo: aprender como fazer validação de formulário com HTML5.

    2 - Aplique logo em seguida

    Crie um formulário de cadastro com campos obrigatórios e mensagens de erro personalizadas.

    3 - Adicione novos elementos

    Ex: Adicionar máscaras para CPF e telefone, criar um sistema de validação visual (verde/vermelho).

    4 - Revise o que não funcionou

    Liste os erros que encontrou, pesquise soluções e corrija sozinho.

    5 - Documente o que aprendeu

    Escreva um README explicando seu projeto.

    Exemplo prático

    Tutorial: “Como consumir uma API REST com Axios” Mini projeto: Criar um sistema de busca de livros via API do Google Books.

    Funcionalidades:

    • Campo de pesquisa
    • Exibição dos resultados com capa, título e autor
    • Link direto para mais informações

    Desafios extras:

    • Paginação dos resultados
    • Armazenar histórico de buscas

    Esse projeto reforça o uso da API, a manipulação de dados e o uso de bibliotecas — tudo partindo de um tutorial, mas sendo recriado com novos objetivos.

    🧭 4. Como usar tutoriais com inteligência

    Tutoriais não são ruins. Mas você precisa aprender a usá-los como meio, e não como fim. Aqui está um passo a passo prático para aproveitar melhor qualquer tutorial daqui pra frente:

    Passo 1 – Assista com foco

    Nada de multitarefa. Nada de deixar tocando como música. → Crie um arquivo anotacoes.md com os principais aprendizados de cada parte.

    Passo 2 – Pare e reproduza

    Depois de cada trecho importante (por exemplo, consumo de API, criação de um componente), pause e tente escrever por conta própria. → Escreva o mesmo código, mas com outros nomes e dados.

    Passo 3 – Aplique em novo contexto

    Depois de terminar, anote:

    • O que foi fácil?
    • O que foi difícil?
    • O que você ainda não entendeu?

    Crie um novo projeto com a mesma lógica, mas propósito diferente.

    Exemplo: Tutorial: "App de Clima" Novo projeto: "App de localização com dados da API do IBGE"

    Passo 4 – Compartilhe e documente

    Monte um README com:

    • Qual problema você resolveu
    • Como rodar o projeto
    • Print da interface
    • Aprendizados

    Postar isso no GitHub ou no LinkedIn é importante para mostrar evolução e reforçar o aprendizado.

    📢 Entra pro nossa Comunidade no Discord

    Você já deve ter percebido que aprender sozinho pode ser solitário. A dúvida trava, o medo atrasa, e a comparação com outros devs pode gerar ansiedade.

    Por isso, criei uma Comunidade no discord com devs iniciantes que estão na mesma jornada que você. É um espaço leve, colaborativo e sem julgamentos.

    No grupo, você vai encontrar:

    • Gente trocando dúvidas e aprendizados
    • Avisos de conteúdo novo, vagas e eventos
    • Feedback sobre portfólio e projetos
    • Suporte de quem também está aprendendo

    👉 Clique aqui pra entrar

    Se você quer evoluir com companhia, esse grupo é pra você.

    🎯 Precisa de um direcionamento mais claro?

    Se você sente que está perdido entre tantas linguagens, frameworks, vídeos e tutoriais… talvez esteja na hora de buscar orientação direta.

    Com a mentoria do Na Trilha do Dev, eu ajudo iniciantes a:

    • Montar um plano de estudos realista
    • Desenvolver projetos com propósito
    • Organizar portfólio com foco em empregabilidade
    • Melhorar a comunicação técnica (para entrevistas e equipes)
    • Estudar com consistência e sem ansiedade

    Temos turmas em grupo e opções individuais. Tudo online, leve, acessível e com acompanhamento.

    💬 Quer conversar sobre a mentoria? Responde este e-mail ou me chama no LinkedIn com o assunto: Mentoria Dev

    🎁 Bônus: quer um PDF com 10 ideias de mini projetos?

    Essas ideias são simples, mas ótimas para sair do modo “só assisto tutorial” e ir pro modo “estou criando”.

    Inclui:

    • Projetos usando HTML, CSS e JS puros
    • Integração com APIs reais
    • Sugestões com banco de dados (para quem já avançou um pouco)
    • Link para APIs públicas e exemplos

    Quer esse material? 👉 Comenta no post "Quero".

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    Estou preparando os próximos conteúdos do First Commit e sua opinião faz toda a diferença.

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    Vamos sair juntos do tutorial hell e caminhar com mais autonomia.

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    Nos vemos na próxima newsletter 🚀

    Rafael Valença - Na Trilha do Dev

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    Comentários (1)
    DIO Community
    DIO Community - 21/05/2025 15:20

    Excelente reflexão, Rafael! Seu artigo oferece um guia extremamente valioso para quem está iniciando na programação. Você traduz de forma clara o equilíbrio entre absorver conteúdo e desenvolver autonomia, um dos maiores desafios para quem quer sair da teoria e realmente construir uma carreira.

    Na DIO, também incentivamos essa mentalidade de prática intencional e aprendizado com propósito. É inspirador ver como você propõe mini projetos estratégicos que estimulam criatividade, pensamento crítico e fixação do conhecimento. Sua sugestão de transformar tutoriais em pontos de partida para criações autorais é um ótimo antídoto contra o famoso "tutorial hell".

    Na sua experiência com mentorias, qual tipo de projeto autoral costuma gerar mais confiança nos alunos que estão começando: aplicações com APIs reais, clonagem de produtos famosos ou ferramentas simples de uso pessoal?