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Rafael Garcia19/11/2023 15:42
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Evolução da configuração da infraestrutura até o IaC moderno

  • #Linux
  • #Terraform
  • #AWS

A evolução do provisionamento de infraestruturas reflete mudanças fundamentais na forma como lidamos com os servidores. No início da web, os servidores eram tratado como entidades quase artesanais, configurados e mantidos manualmente. Cada máquina exigia atenção individual, um processo que era tanto demorado quanto sujeito a erros.

1. Infraestrutura Manual

Nessa era inicial, os administradores de sistemas dedicavam horas configurando cada servidor individualmente, verificando se as configurações de software e hardware estivessem corretas. Este método, embora funcional para pequenas configurações, tornou-se rapidamente insustentável à medida que as redes e infraestruturas de TI começaram a crescer em tamanho e complexidade.

2. Primeiras automações da Infraestrutura

O salto significativo veio com a introdução de scripts e ferramentas básicas de automação. Os administradores começaram a usar scripts para automatizar algumas das tarefas repetitivas, mas esses scripts muitas vezes eram específicos para um determinado ambiente e não eram facilmente transferíveis ou escaláveis. Ainda assim, isso marcou o início de uma mudança em direção a práticas mais eficientes de gerenciamento de infraestrutura.

3. Softwares profissionais para implementar IaC

A verdadeira revolução começou com o advento das primeiras ferramentas de gerenciamento de configuração, como CF Engine, Puppet e Chef. Essas ferramentas permitiram aos administradores definir a configuração desejada de um sistema em um formato declarativo, que poderia ser aplicado a muitas máquinas de forma consistente e automatizada. Isso não apenas aumentou a eficiência, mas também melhorou significativamente a consistência e a confiabilidade das configurações de infraestrutura.

3.1. CF Engine

Lançado em 1993, o CF Engine é uma das primeiras ferramentas de automação e gerenciamento de configuração, marcando um avanço significativo na época. Embora tenha introduzido conceitos fundamentais de automação em larga escala, os usuários enfrentavam desafios devido à complexidade da linguagem de configuração e à necessidade de instalar agentes em cada máquina gerenciada. Em termos de documentação, sua adaptabilidade é moderada devido à complexidade de sua linguagem.

3.2. Puppet

Introduzido em 2005, o Puppet trouxe uma abordagem inovadora com uma linguagem de domínio específico (DSL) para definir o estado desejado dos sistemas. Apesar de facilitar a definição de configurações, exigia que os usuários aprendessem uma nova linguagem, e a necessidade de agentes em cada nó gerenciado adicionava uma camada de complexidade. A adaptabilidade para documentação é boa, especialmente com a integração de módulos e templates.

3.3. Chef

Lançado em 2009, Chef adotou uma abordagem semelhante ao Puppet, mas com maior flexibilidade, utilizando “receitas” escritas em Ruby. Este modelo ofereceu mais opções aos usuários, mas trouxe o desafio do conhecimento necessário em Ruby e a complexidade na gestão de cookbooks. A documentação do Chef é bem suportada, com recursos extensivos disponíveis para os usuários.3.4. AWS OpsWorks

Introduzido em 2013, o AWS OpsWorks é um serviço de gerenciamento de configuração da Amazon Web Services que integra o Puppet e o Chef, sendo focado principalmente no ecossistema AWS. Seus desafios incluem a limitação ao ambiente AWS e a curva de aprendizado associada às ferramentas base (Puppet/Chef). A documentação é bem integrada no contexto da AWS.

3.4. AWS OpsWorks

Introduzido em 2013, o AWS OpsWorks é um serviço de gerenciamento de configuração da Amazon Web Services que integra o Puppet e o Chef, sendo focado principalmente no ecossistema AWS. Seus desafios incluem a limitação ao ambiente AWS e a curva de aprendizado associada às ferramentas base (Puppet/Chef). A documentação é bem integrada no contexto da AWS.

3.5. Capistrano

Capistrano, lançado em 2006, é especializado em deploy de aplicações web, particularmente em ambientes Ruby on Rails, utilizando scripts Ruby para automatizar o processo. Embora seja altamente eficaz para seu propósito, sua especificidade e a necessidade de scripts detalhados podem ser limitantes. A documentação para Capistrano é moderadamente adaptável, dada sua natureza de script.

3.6. Fabric

Ferramenta introduzida em 2009 e escrita em Python, o Fabric facilita a execução de tarefas de administração via SSH tendo grande vantagem de ser uma ferramenta agentless, isto é, não é necessidade a instalação e configuração da ferramenta em todas as maquinas, sendo necessário apenas o OpenSSH nas maquinas e o Fabric na maquina principal. Enquanto sua simplicidade é uma vantagem, ela pode ser limitante em ambientes mais complexos e não é ideal para gerenciamento de estado em larga escala. A documentação de Fabric é adequada para tarefas simples e scripts.

4. IaC em Cloud

O desenvolvimento de IaC acelerou com a adoção da computação em nuvem. A capacidade de provisionar, gerenciar e escalar infraestrutura tornou-se mais fácil em um mundo onde recursos de TI podem ser alocados e reconfigurados com uma velocidade e flexibilidade sem precedentes. Ferramentas como Terraform e Ansible levaram essa ideia ainda mais longe, permitindo a gestão de infraestruturas complexas e distribuídas de maneira eficiente e previsível.

4.1. Ansible

Lançado em 2012 e mantida pela Red Hat dês de 2015, Ansible se destacou no mercado por ser “agentless” e usar YAML para playbooks, simplificando significativamente o gerenciamento de configurações. Embora elimine a necessidade de agentes, os desafios incluem a dependência da performance e segurança do SSH e a complexidade em gerenciar grandes playbooks. Em termos de documentação, o Ansible é excelente, oferecendo uma linguagem simples podendo usar os própios playbooks como documentão.

4.2. Terraform

O Terraform, lançado pela HashiCorp em 2014, surgiu em um momento marcado pela rápida adoção da computação em nuvem e pela necessidade de gerenciar infraestruturas complexas e distribuídas de maneira eficiente. O Terraform introduziu uma abordagem inovadora para a criação, modificação e versionamento de infraestrutura de forma segura e eficiente. Com sua linguagem declarativa, a Hashcorp Configuration Language (HCL), ele permite aos usuários definir e provisionar infraestrutura em vários provedores de nuvem (como AWS, Azure, Google Cloud, …) e plataformas on-premises, usando uma sintaxe consistente. A principal inovação do Terraform é sua capacidade de gerenciar recursos além de máquinas, incluindo redes, armazenamento, e outros serviços de nuvem, tudo definido como código, e sua integração com Ansible permite a configuração e gerenciamento de um ambiente completo.

5. IaC no Desenvolvimento e Homologação

Um ganho notável foi na replicação da infraestrutura para os ambientes de desenvolvimento e homologação, oferecendo uma maneira consistente e automatizada de provisionar e gerenciar recursos que podem ser fielmente reproduzidos em produção. Isso não apenas acelera o ciclo de desenvolvimento, reduzindo discrepâncias entre os ambientes e minimizando os “funciona na minha máquina”, mas também melhora a qualidade e a confiabilidade das aplicações, pois os testes podem ser realizados em um ambiente que espelha de perto o ambiente de produção.

6. Conclusão

Hoje, a IaC é um componente central das práticas de DevOps, permitindo a integração e entrega contínuas (CI/CD) e facilitando uma abordagem mais ágil e responsiva à gestão de infraestrutura. Com a IaC, os administradores e desenvolvedores podem agora gerenciar infraestruturas complexas com eficiência e precisão, respondendo rapidamente às necessidades em constante mudança dos ambientes de negócios modernos.

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Comentários (2)

PW

Pedro Wingert - 21/11/2023 02:18

Muito show!

Mateus Scolastici
Mateus Scolastici - 19/11/2023 16:31

Muito bem colocado.