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Jaíne Moura
Jaíne Moura01/06/2025 20:21
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Do Quartel ao Código: O que Aprendi Sobre Aprendizado Contínuo e Transição para a Área Tech

  • #SQL
  • #Inteligência Emocional
  • #Power BI
  • #Excel
  • #Inteligência Artificial (IA)

Se alguém me dissesse há alguns anos que eu estaria hoje estudando SQL, criando dashboards no Power BI e mergulhada em conceitos de ciência de dados, talvez eu não acreditasse de imediato. A rotina no Exército sempre me ensinou a manter os pés no chão, mas o olhar no futuro. E foi esse olhar que me mostrou que, embora eu estivesse em uma carreira estável, algo dentro de mim pedia mais.

Mais movimento. Mais desafio. Mais aprendizado.

E, acima de tudo, mais conexão com o mundo como ele realmente é hoje: instável, veloz, digital.

Por que mudar de carreira quando você já tem estabilidade?

Durante muito tempo, a estabilidade foi um dos valores que mais me guiaram. Cresci com a ideia de que ter um trabalho fixo, uma rotina definida e uma carreira sólida era sinônimo de sucesso e segurança.

E, de fato, por muito tempo isso fez sentido para mim. O Exército me ensinou sobre disciplina, hierarquia, foco, resiliência. Me deu estrutura. Mas também me mostrou algo que eu levei um tempo para entender: quando tudo ao seu redor começa a se mover em alta velocidade, ficar parado é, na verdade, andar para trás.

Foi nesse momento que eu comecei a sentir a inquietação.

Eu sentia que tinha aprendido muito, mas que já não estava mais em um lugar que me permitia crescer como eu queria. Foi quando comecei a olhar com mais atenção para a área de tecnologia.

A tecnologia é movimento — e o cérebro humano ama isso

Sempre fui apaixonada por entender o comportamento humano. Estudo neurociência e comportamento, e sei que o nosso cérebro foi feito para se adaptar, para aprender.

O que a tecnologia faz é desafiar esse cérebro o tempo todo.

Como diz Naval Ravikant, no livro The Almanack of Naval Ravikant, uma das razões para ele amar tecnologia é justamente porque ela está sempre mudando. Nada fica estático por muito tempo. As linguagens evoluem. As ferramentas se transformam. O que você domina hoje, precisa ser reaprendido amanhã.

Isso parece assustador para quem deseja controle absoluto, mas para quem deseja crescer, é um prato cheio.

Foi por isso que me apaixonei pela área de dados. Porque ela me mostrou que é possível viver em um ciclo contínuo de aprendizado.

E essa talvez seja a chave da longevidade no mundo profissional atual: gostar de aprender, mais do que gostar de saber.

Minha transição: de militar a aprendiz da linguagem dos dados

Minha transição não esta sendo abrupta.

Sempre estive estudando. Mesmo dentro da carreira militar, nunca deixei de buscar novos conhecimentos, fosse na área da mente humana, do comportamento, ou de como as organizações funcionam.

Quando decidi olhar para a área tech com mais foco, comecei pelo que estava ao meu alcance: cursos de Power BI, Excel, Data Analytics. Depois vieram SQL, Python, Machine Learning… e o que mais vier.

Mas acredite: o mais desafiador não foi o conteúdo técnico.

Foi acreditar que eu podia.

Foi romper a narrativa de que “quem vem de uma área completamente diferente” não pode ser boa nisso.

Foi entender que, embora eu não tivesse começado aos 20 anos nessa área, eu trazia algo que nenhum curso técnico ensina:

• Resiliência

• Raciocínio estratégico

• Liderança sob pressão

• Atenção a processos

• Inteligência emocional

• Habilidade de aprender, mesmo em ambientes caóticos

E tudo isso veio da minha trajetória no Exército.

O que o mundo atual está pedindo de nós?

Vivemos em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) — ou como alguns já dizem, um mundo BANI (frágil, ansioso, não-linear e incompreensível).

Nele, o conhecimento técnico é importante, mas a capacidade de se adaptar, de aprender rápido e de tomar decisões com base em dados é ainda mais essencial.

Nesse mundo, esperar “ter certeza” para agir é ficar para trás.

Nesse mundo, quem aprende mais rápido vence.

Por isso, se você está hoje pensando em fazer uma transição de carreira para a área de tecnologia — saiba: o momento é agora.

Não espere ter todos os cursos. Nem todas as respostas. Comece com o que tem.

Dicas para quem quer migrar para a área Tech — sem ter vindo da área Tech

1. Comece estudando por curiosidade, não por obrigação.

Escolha uma ferramenta e brinque com ela. Power BI, por exemplo, é visual e intuitivo.

2. Crie pequenos projetos pessoais.

Analise os gastos da sua casa, crie dashboards com dados que você ama. Isso te mostra que você já sabe mais do que imagina.

3. Converse com quem já está no mercado.

O LinkedIn é um universo riquíssimo. Siga pessoas da área, comente, participe.

4. Aposte no que só você tem.

Vem da psicologia? Da administração? Do Exército? Traga essa visão para a tecnologia. Isso é ouro.

5. Aceite o desconforto do novo.

Como diz uma das premissas da neurociência: o cérebro aprende quando sai do automático.

O que a neurociência tem a ver com isso? Tudo.

Se tem algo que estudei e que nunca fez tanto sentido como agora, é a ideia de neuroplasticidade.

O nosso cérebro muda. Ele aprende. Ele reconstrói caminhos.

Mas só faz isso se for estimulado. E nada estimula tanto quanto o novo.

Aprender linguagens como SQL ou Python, desenvolver a lógica de um código, analisar dados e transformar isso em informação clara…

Tudo isso é uma academia para o cérebro.

Por isso, além de fazer sentido para o mercado, investir na área Tech é um ato de autocuidado mental.

E onde estou agora?

Estou em transição.

E tudo bem.

A transição não precisa ser vista como algo negativo ou instável. Ela é parte do caminho.

Ela é a prova de que estou viva, me movendo, aprendendo.

Estou estudando, praticando, participando de comunidades, aprimorando habilidades técnicas e integrando tudo o que vivi até hoje — da farda à análise de dados.

Para fechar: um convite

Se você está nesse momento também — pensando em mudar de carreira, sentindo que o seu mundo atual já não te desafia mais — te deixo aqui um convite: comece.

Você não precisa saber tudo. Mas precisa dar o primeiro passo.

A área Tech é sim desafiadora, mas é acolhedora para quem tem sede de aprender.

E quanto mais você se envolve, mais percebe que há espaço para diferentes histórias, formações e olhares.

A sua história é seu diferencial.

Use isso.

E lembre-se: o cérebro ama aprender — e o mundo atual precisa de quem ama aprender.

Jaíne Gonzatto de Moura

Estudante de Neurociência | Em transição para a área de Dados e Tecnologia | Apaixonada por aprendizado contínuo e conexão entre comportamento e dados.

Se esse texto te inspirou ou fez sentido para você, comente aqui sua história.

Você também está em transição? Qual seu maior desafio hoje?

Vamos trocar experiências.

E se quiser acompanhar minha jornada, me siga aqui no LinkedIn. www.linkedin.com/in/jainegonzatto

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Comentários (3)
DIO Community
DIO Community - 02/06/2025 16:17

Que artigo inspirador e profundo, Jaíne! Sua jornada de transição do Exército para a área de Dados é um testemunho poderoso de resiliência e aprendizado contínuo. É fascinante como você conecta a disciplina militar com a neurociência e a paixão por tecnologia.

Considerando que "quando tudo ao seu redor começa a se mover em alta velocidade, ficar parado é, na verdade, andar para trás", qual você diria que é a maior força que a neuroplasticidade oferece para um profissional que está buscando uma transição de carreira na área de tecnologia?

Mateus Santana
Mateus Santana - 02/06/2025 01:05

Muito bom, todo sucesso do mundo pra vocês e não desistam, eu estou fazendo o caminho inverso, atualmente estudando para a Polícia Militar da Bahia, mas ainda assim tentando não abandonar a área de tecnologia (programação) que é o que amo fazer.

AC

Alexia Coelho - 01/06/2025 21:35

Eu também estou em processo de transição.

Diferente de você estou saindo de uma realidade de instabilidade profissional, em contrapartida, eu amo aprender, e confesso que ver essa característica em comum liberou um pouquinho de dopamina no meu cérebro.

Agora estou naquele momento "traçar estratégias > agir", e confesso que a inércia tem feitos mais pontos, mas como já dizia Chorão: "histórias nossas histórias".

Agradeço seu testemunho, fico feliz por ver alguêm que esteja conseguindo, apesar de todas as dificuldades, evoluir na sua jornada e chegar em lugares que ontem eram denominados como "meta". Muito sucesso para nós.