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Thiago Pereira
Thiago Pereira17/05/2025 21:59
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Cibersegurança: O petróleo do século 21 na geopolítica dos dados

    Hoje, dados são o recurso mais valioso do planeta, e a cibersegurança se tornou peça fundamental na geopolítica global. Proteger informações pessoais, dados estratégicos e infraestrutura digital deixou de ser apenas uma questão técnica para virar uma prioridade na política internacional. Países que dominam a segurança cibernética têm vantagem competitiva e influência no cenário mundial.

    A disputa por poder e controle agora passa por servidores, redes e sistemas críticos. A União Europeia, por exemplo, lidera com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), fortalecendo a proteção da privacidade e estabelecendo um padrão global. Os Estados Unidos investem pesado no Cyber Command, um comando militar especializado em operações cibernéticas. Já a China foca em infraestrutura própria e é acusada de operações digitais estratégicas para fortalecer sua presença global.

    Essa guerra digital inclui controle de infraestrutura, vigilância de dados e influência sobre regras que regulam a internet. A rivalidade tecnológica entre EUA e China, por exemplo, não é apenas comercial, mas uma batalha por quem domina o 5G e as redes que suportam as comunicações do futuro.

    Outro caso importante é a guerra na Ucrânia, onde ataques cibernéticos precederam a invasão física, mostrando que a segurança digital pode determinar o curso de conflitos reais. Essa nova realidade transformou a cibersegurança em uma diplomacia armada, onde proteger dados e sistemas é proteger a soberania nacional.

    Até mesmo países emergentes, como o Brasil, entendem a importância dessa agenda. Com o Comando de Defesa Cibernética do Exército e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o país busca ampliar sua capacidade de defesa e regulamentação no mundo digital.

    Em resumo, cibersegurança e geopolítica digital andam juntas. Quem controla os dados, controla o poder. E esse tema precisa estar no centro das discussões políticas, econômicas e tecnológicas. Afinal, em um mundo cada vez mais conectado, proteger o ambiente digital é proteger o futuro.

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    Comentários (2)
    Thiago Pereira
    Thiago Pereira - 22/05/2025 10:16

    O Brasil ainda está alguns passos atrás das grandes potências quando o assunto é estrutura e investimento em cibersegurança. Pra ter uma ideia, segundo o índice global da União Internacional de Telecomunicações (UIT), estamos entre os 20 países mais bem colocados, mas ainda longe do nível de países como Estados Unidos, Reino Unido e Coreia do Sul.

    Isso não quer dizer que estamos parados. A criação do ComDCiber pelo Exército, a LGPD e o aumento do interesse do setor privado mostram que o tema vem ganhando espaço. O problema é que, num cenário tão dinâmico e estratégico, reagir não basta é preciso se antecipar.

    E tem um ponto importante: por ser uma das maiores economias emergentes, o Brasil muitas vezes vira um “campo de testes” para ameaças digitais que depois se espalham mundo afora. Reforçar nossa segurança, portanto, não é só proteger o que é nosso, mas também contribuir com a estabilidade do ambiente digital global.

    Claro que isso exige investimento em formação técnica, políticas públicas consistentes e um diálogo real entre governo, empresas e academia. Ainda falta ao país uma estratégia nacional sólida, que vá além de ações pontuais e conecte todos esses atores de forma estruturada.

    No fim das contas, o Brasil já percebeu a importância da pauta, mas ainda está construindo seu espaço nesse jogo. E quanto mais cedo tratarmos cibersegurança como questão de soberania e não apenas como um tema técnico , mais preparados estaremos pra disputar posição nesse novo cenário digital.

    DIO Community
    DIO Community - 20/05/2025 11:12

    Thiago, seu texto destaca de forma clara e impactante o papel da cibersegurança na geopolítica moderna. Ao relacionar a segurança digital com disputas internacionais, como a rivalidade entre EUA e China, você nos faz entender como os dados se tornaram um recurso estratégico crucial.

    A relação entre cibersegurança e soberania, evidenciada pelo caso da guerra na Ucrânia, mostra a crescente importância da proteção digital. Como você vê o papel de países emergentes, como o Brasil, na competição global pela segurança cibernética?