ACESSIBILIDADE NA WEB: A IMPORTÂNCIA DO HTML COMO INSTRUMENTO DE INCLUSÃO E POSICIONAMENTO NA WEB
“Inteligência, é a capacidade de adaptar-se às mudanças” – Stephen Hawking
Introdução:
UM BREVE PASSEIO NO TEMPO
O HyperText Markup Language – HTML sempre exerceu funções muito importantes, afinal ele foi o precursor dos sites, pois quando tudo começou não haviam nem o Cascading Style Sheets – CSS e nem o JavaScript pra dar beleza e funcionalidade aos sites. Com o tempo, foi surgindo a necessidade de utilizar mais que apenas texto em uma página da rede, foi quando surgiu a “tag” <img>. Ainda na sequência outras “tags” foram sendo incluídas nas versões seguintes do HTML, tudo para que se pudesse ter um mínimo de estilização em uma página web. O CSS só veio passar a existir depois que o HTML atingiu sua versão 4.01. Nesse período, lá por volta dos anos 2000, surgia o XHTML que durou pouco tempo, mas nos trouxe algumas novidades logo quando atingiu sua versão 1.1, justamente trazendo o CSS.
Em 2007 a W3C retorna o HTML Working Group e 02 anos depois (2009) decide descontinuar o XHTML. De lá pra cá foi só desenvolvimento e “pau na muleira dos programadores pra centralizar as divs” (risos). CSS se desenvolveu fortemente e o JavaScript, que antes era visto como uma “Toy Language” porque só era utilizada com pequenos pedaços de código, com funções simples e sendo entendida só pelos navegadores e, por consequência, apenas utilizada no front-end (aliás, termo “front-end” nem era utilizado, todos eram basicamente “fullstacks”), logo se tornou o que é hoje, uma linguagem essencial tanto pro front-end quanto para o back-end e aplicada em diversas outras coisas. Todo esse avanço nessas tecnologias proporcionou uma espécie de estagnação no HTML, fazendo com que suas versões demorassem mais tempo para serem lançadas.
Isto é, o HTML avançou de sua versão 1.0 para a 4.1 entre 1991 e 1999, apenas oito anos, porém foi necessário um tempo de espera que foi de 1999 a 2014 pra chegarmos na versão 5.0. Atualmente estamos na versão 5.2, lançada em 2017 e que segue tendo as pequenas atualizações anualmente.
O REPOSICIONAMENTO DO HTML
Agora, depois de uma pequena viagem no tempo para entender e compreender um pouco do passado das tecnologias basilares da internet, podermos enfim entender que durante todo esse tempo o HTML esteve cumprindo muito bem suas funções, pois ele não só estruturou as páginas como dava estilo e funcionalidade a elas também. Com a chegada do CSS e o JS e seus largos avanços, agora sobra espaço para o HTML focar em seu papel principal, a marcação de texto e a estruturação das páginas web.
Depois da atualização 4.1 do HTML, surgimento e descontinuação do XHTML, surgimento e amplo desenvolvimento do CSS e JS, o HTML passou a focar mais em semântica e acessibilidade, gerando uma nova forma de posicionamento na web. Isso porque como já dito anteriormente, o CSS e JS retiraram um “peso das costas” do HTML, que é uma linguagem de marcação, mas fazia o serviço de estilização e funcionalidades, por mais básicas que fossem, mas fazia.
INCLUSÃO E POSICIONAMENTO NA WEB
Desde que o foco do HTML se voltou para a Semântica e a Acessibilidade, a maneira como a Search Engine Optimization – SEO ou Otimização para Motores de Busca mudou. Os Sites pra se posicionarem bem nas pesquisas feitas nos servidores de busca como Google, Bing e Duckduck GO, agora precisam se atentar bastante à semântica aplicada no código HTML de suas páginas, pois os motores de busca não leem as páginas como nós lemos e antes isso não importava tanto porque as buscas eram mais voltadas para sites específicos, até porque não existiam muitas tags semânticas no HTML, só <div> dentro de <div> e sendo organizadas apenas pelas classes, uma verdadeira “selva”.
Porém, além das linguagens já mencionadas até aqui, a tecnologia nos hardwares e periféricos também foi evoluindo ao ponto de permitir que pessoas com deficiências também interagissem com o mundo web. Um grande exemplo de pessoa com deficiência que utilizava dos meios tecnológicos para se comunicar, criar trabalhos e continuar contribuindo com o mundo foi Stephen William Hawking, uma das mentes mais incríveis desde Albert Einstein, Galileu Galilei e Isaac Nilton.
Hawking que traçou um brilhante caminho na Física e na Astro-Física, sendo reconhecido como uma das mentes mais brilhantes da atualidade, sofria de uma doença degenerativa, a Doença do Neuronio Motor, um tipo de Amiotrofia Espinhal Progressiva – AEP. A doença apenas afetava ao corpo do cientista, enquanto sua mente seguia intacta. Logo ele passou a utilizar-se de um sistema para sintetizar a voz, já em determinado momento ele já estava tetraplégico, não conseguia manter sua cabeça erguida e ainda por cima teve de passar por uma traqueostomia de urgência, por conta de uma pneumonia.
Após todo o ocorrido com Hawking, a Intel não aceitou cruzar os braços e se pôs a trabalhar para aumentar a capacidade de um sistema que o cientista já utilizava para sintetizar a voz. A Intel havia trabalhado anos ao lado de Stephen e não poderia deixá-lo na mão, então então juntou-se à Swiftkey (empresa que inovou com os primeiros teclados virtuais pra smatphones) e incrementaram o Assistive Context Aware Toolkit – ACAT, que mais tarde se transformou em um projeto open source e já permitia ao usuário a possibilidade de sintetizar a voz, redigir documentos, abrir e ler arquivos PDF e fazer pesquisas na internet.
Acontece que todo esse avanço e acessibilidade não ficou (e nem poderia ficar) apenas para o Stephen Hawking, tanto esses programas como periféricos vêm sendo criados e lançados no mercado dia após dia.
Cada sistema de acessibilidade, ao ser utilizado para acessar a rede web, lê os arquivos de das páginas diretamente pelo HTML, portanto, com as técnicas de semântica e de acessibilidade adequadas, como a utilização dos atributos Accessible Rich Internet Applications – ARIA, é possível tornar muito mais fácil a vida de pessoas que não enxergam ou que enxergam com dificuldade, que não possuem capacidade de mover seus membros, possuem daltonismos ou outras formas de deficiência.
Os motores de busca comuns também utilizam essas informações. Ou seja, quanto mais rico de informações, semântica e organização o HTML estiver, mais o(a) desenvolvedor(a) ajuda as pessoas com deficiências e mais ajuda a sua Organização, pois mais facilmente aquele site se posicionará entre os primeiros nas buscas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A verdade é que muitos se preocupam com o posicionamento das páginas na web, mas as vezes se esquecem que não existem somente as Técnicas de Posicionamento SEO, como captura de palavras-chave, conteúdo de qualidade e utilização de textos âncoras… Também temos as técnicas inclusivas, que segundo a própria World Wide Web Consortium – W3C permitem que o site seja melhor rankeado, como também a utilização das técnicas WAI/ARIA, leitor de libras, layouts com bons contrastes entra as letras e o background, entre botões e demais recursos, entre outros. Além dessas, outras formas de técnicas de inclusão na web são compartilhadas na Cartilha de Inclusão na WEB da W3C.
Devemos ter em mente que gerar inclusão também é gerar possibilidades, pois o que uns não fazem com o corpo, outros fazem com a mente. Nós podemos ser os instrumentos facilitadores e permissores de realizações para quem tem alguma deficiência, basta não ignorarmos um conhecimento tão sublime.
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Por: Luiz Guilherme Gil Espinosa
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