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Patricia Assaf
Patricia Assaf29/04/2025 11:07
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A primeira linha de código: expectativas vs. realidade

    Quando decidi entrar no mundo da tecnologia, imaginei uma cena quase cinematográfica: eu, diante do computador, digitando minha primeira linha de código, e em segundos, uma tela mágica ganhando vida. Pensei que a sensação seria parecida com descobrir um superpoder, que tudo se encaixaria de forma natural e intuitiva.

    A realidade foi um pouco diferente. (Ok, foi bem diferente.) 

    O primeiro erro a gente nunca esquece 

    O primeiro código que escrevi foi o clássico “Olá, Mundo” no console. E sabe o que? Eu fiquei genuinamente empolgada com isso, meu primeiro pequeno passo no universo da programação.

    Mas logo em seguida, ao tentar criar um programa um pouquinho mais elaborado, a realidade bateu à porta. Era para ser fácil, certo? Mas, ao rodar o programa, o que parecia simples, de repente, virou um emaranhado de mensagens de erro, linhas que não faziam sentido, e aquela vozinha sussurrou: "será que você tem o que é preciso?". Nada daquela sensação de "acertar de primeira" que eu tinha sonhado.

    Naquele instante, um monte de pensamentos invadiu minha cabeça:

    "Será que eu não levo jeito para isso?"

    "Será que todo mundo consegue menos eu?"

    Senti medo. Senti dúvida. E, acima de tudo, senti vontade de fechar o computador e fingir que nada tinha acontecido.

    Só que, pela primeira vez em muito tempo, eu fiz diferente: voltei, revisei o código, tentei de novo. E então percebi uma verdade que nunca ninguém tinha me contado com tanta clareza: errar faz parte do processo.

    Ninguém nasce sabendo programar. Ninguém domina de primeira. E o mais importante, errar não é um sinal de fracasso, é um sinal de que você está tentando. 

    Expectativa: evolução rápida. Realidade: passos pequenos, mas constantes 

    No começo, eu achava que, em algumas semanas, já estaria desenvolvendo grandes projetos, como nos filmes e nas histórias de sucesso que a gente vê por aí. Mas a tecnologia me ensinou algo muito mais valioso: o aprendizado verdadeiro acontece nos pequenos passos, nos detalhes que ninguém vê.

    Aprender a programar é como construir uma casa tijolo por tijolo — às vezes, parece que nada está saindo do lugar, mas, com o tempo, você olha para trás e percebe o quanto já caminhou.

    A cada erro corrigido, a cada conceito entendido, eu começava a me enxergar diferente: não como alguém que tinha todas as respostas, mas como alguém que não desistia de buscá-las. 

    A primeira pequena vitória (que foi gigante pra mim) 

    Lembro até hoje da primeira vez que meu código funcionou. Era um programa bem simples, mas a alegria que senti foi como se eu tivesse lançado o próximo grande aplicativo do mercado. Não era sobre o código em si. Era sobre tudo o que aquela pequena conquista representava: A coragem de tentar. A paciência de persistir. A resiliência de não desistir depois dos erros.

    Naquele momento, eu entendi que a tecnologia recompensa quem continua tentando, mesmo nos dias difíceis. E que a satisfação de ver algo funcionando é construída em cima de cada "não deu certo" que veio antes. 

    O que a tecnologia realmente pede de nós 

    Muita gente acha que trabalhar com tecnologia é coisa de gênio — aquele estereótipo da pessoa que, desde criança, já montava robôs e hackeava computadores. Mas a verdade é bem mais simples — e mais bonita: o que a tecnologia pede é resiliência.

    Ela exige que a gente esteja disposto a aprender, a errar, a se frustrar e ainda assim voltar no dia seguinte com a mesma vontade de tentar de novo. Exige curiosidade, humildade para reconhecer o que ainda não sabemos, e coragem para seguir mesmo com medo.

    A tecnologia não quer perfeição. Ela quer movimento. 

    Conclusão: não é sobre chegar rápido, é sobre continuar caminhando 

    Hoje, olhando para minha jornada até aqui, vejo que aquela primeira linha de código, cheia de erros e dúvidas, foi muito mais importante do que eu imaginava. Ela foi o começo de uma transformação — não só na minha carreira, mas em quem eu sou.

    Aprendi que na tecnologia, como na vida, não existe linha de chegada. Sempre haverá algo novo para aprender, algo diferente para explorar. E é justamente isso que torna essa área tão viva, tão apaixonante.

    Se você está escrevendo sua primeira linha de código agora, ou ainda pensando se deveria começar, quero te dizer: É normal sentir medo. É normal errar. E é absolutamente normal achar difícil.

    O que faz a diferença é não parar.

    Porque cada pequena linha de código, cada pequena conquista, cada pequeno erro corrigido — tudo isso vai construir algo muito maior do que você pode imaginar agora.

    Então continue. Você está construindo algo incrível.

    Na série 'Desafiando Estereótipos: Uma Série sobre Tecnologia, Reinvenção e Inclusão', compartilho minha jornada de superação de barreiras e descoberta do meu espaço na tecnologia. Ao longo dos artigos, vou contar como enfrento estereótipos, me reinvento e busco um caminho que faça sentido para mim. Se você é uma mulher em um campo majoritariamente masculino, alguém que está mudando de carreira mais tarde na vida ou um profissional que busca um ambiente mais inclusivo, espero que minha história inspire você a seguir em frente. Acompanhe e junte-se a mim nessa jornada!

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    Comentários (2)
    Patricia Assaf
    Patricia Assaf - 29/04/2025 14:00

    Ahhh, que comentário lindo, Fer!

    Fico imensamente feliz por saber que o texto tocou você desse jeito. É exatamente isso que você falou: a tecnologia é como a vida, cheia de caminhos tortuosos, aprendizados e descobertas. E a gente vai seguindo, errando, tentando, aprendendo… com coragem, humildade e muita vontade de crescer. Obrigada de coração pelo carinho e pelas palavras tão verdadeiras! Seguimos juntas, sempre, na constância e nos pequenos detalhes.

    Fernanda Nascimento
    Fernanda Nascimento - 29/04/2025 11:42

    Wooooow!!!!

    Que texto inspiradooor 😍 Li e fiquei com o coração quentinho!!

    Essa é a real experiência na nossa jornada em Tech, é impossível fazer qualquer coisa sem erro, é impossível continuar aprendendo, conquistando e evoluindo sem errar. A tecnologia não é algo óbvio como vendem, não é só faz isso e dá naquilo, ela é como a vida, cheia de caminhos, obstáculos e tudo mais. O que precisamos é fortalecer a nossa base, tanto pessoal, quanto tecnológica, com estudos, inúmeras tentativas, coragem e força de vontade. Como você mesma disse o segredo está na constância, humildade, resiliência e principalmente nos pequenos detalhes.

    Parabéns pelo artigo, Patii <3